Sergio entrou na Oca carregando na mão o banco Mocho
A criação da Oca em 1955, loja que revolucionou a ideia de móvel no Rio de Janeiro, foi uma grande reviravolta na vida profissional de Sergio. Sem nenhum projeto alinhavado e a família para sustentar, Sergio chegou ao Rio, no final de 1954, vindo da experiência com a Forma em São Paulo, para tentar a sorte. Com “um canto” oferecido pelo sogro em seu escritório, Sergio começou a trabalhar. Mas nada dava certo. Sabia que seu futuro estava ligado à criação, no entanto, imaginou criar uma loja de alto nível, com móveis de “primeiríssima”, uma espécie de filial da Forma. Com as experiências anteriores, Sergio sabia que tinha a capacidade de entrar em contato com grandes produtores de móveis. “Meti a cara e fiz. Estourou a grande pedida que foi a Oca.” Uma loja que esteve ligada à própria história do desenho industrial no Brasil.
A ideia era ótima. Era preciso, no entanto, encontrar um sócio e um bom lugar. Sergio começou a procurar um sócio que viabilizasse seu projeto. Encontrou o conde italiano Leoni Paolo Grasselli. Marchand natural de Bergamo, Grasselli tinha uma loja de objetos de vidro na África e acabou vindo para o Brasil com Carlo Hauner. Sergio o conhecia de São Paulo. “Ele ficou entusiasmado com a ideia e partimos para a história. Fui com a cara e a coragem à Prefeitura falar com as autoridades e eles toparam conversar. Achei que era possível se fazer um pavilhão na areia. E quase foi.”
Como Sergio nunca pensava em dinheiro, mas confiava no trabalho, saiu em busca das possibilidades. O primeiro lugar que pensou foi na praia do Leblon. Não na avenida Delfim Moreira, na praia mesmo, na areia. Depois, descobriu um terreno na Chácara 92, que ficava entre as ruas Bartolomeu Mitre e a General Urquiza, mas naquele tempo, livre de construções, o local era praticamente na praia. A princípio a proposta era construir um pavilhão. Claro que era preciso pedir autorização para a Prefeitura, saber como se poderia fazer aquilo que ele imaginava e se seria legal construir ali um pavilhão.
Estava tudo planejado. Sergio já tinha arranjado não apenas os móveis da Artesanal que seriam revendidos no Rio, mas também de outras grandes firmas de São Paulo. Eram tapetes, lustres da Dominici, móveis italianos. “Estávamos prontos para atacar.” Só havia um probleminha: de onde viria o dinheiro para financiar a abertura da loja. Para Sergio, a ideia era tão boa que quando as pessoas ficassem sabendo do empreendimento, o dinheiro apareceria.