BIOGRAFIA


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Sergio Rodrigues - O Brasil na ponta do lápis

Texto e pesquisa: Regina Zappa
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A preservação da memória

Instituto Sergio Rodrigues organiza acervo e difunde o trabalho do mestre

 

Durante toda a sua vida Sergio Rodrigues nunca havia organizado seus projetos e documentos relacionados ao trabalho. Havia material espalhado pelos quatro cantos da casa da rua Conde de Irajá e em alguns outros lugares. Veronica, filha de Sergio, sentia que era preciso reunir todo o material e organizá-lo de algum modo. A exposição realizada no Píer Mauá, em janeiro de 2012, com curadoria de Mari Stockler, acendeu o pavio: por que não criar um instituto para preservar a memória de Sergio?

Logo após a exposição, Sergio e sua mulher Vera Beatriz convidaram Renata Aragão, gestora cultural, para tocar o projeto. Em outubro de 2012, nascia o Instituto Sergio Rodrigues, com sede no Rio de Janeiro, terra onde o designer nasceu e viveu a maior parte da sua vida, na mesma casa da rua Conde de Irajá onde já funcionava seu escritório. O objetivo era preservar o acervo do mestre e torná-lo disponível de forma que o público em geral, mas principalmente os estudantes e pesquisadores do Brasil e do mundo, pudessem conhecer o conjunto de sua obra. Além disso, a ideia era promover e incentivar o conhecimento e o diálogo sobre arquitetura e design brasileiro.

Uma associação sem fins lucrativos, o Instituto teve Sergio como seu presidente de honra até sua morte. Sob a presidência de Vera Beatriz Rodrigues e a direção executiva de Renata Aragão, o Instituto conta ainda com um conselho curador composto de nomes de expressão na difusão da cultura brasileira, dentre eles a jornalista Adélia Borges, o crítico e pesquisador Afonso Luz e a diretora de arte Mari Stockler, e com um conselho consultivo do qual participam, entre outros, a arquiteta Bel Lobo e os designers Freddy Van Camp e Tulio Mariante.

Vários projetos foram realizados em 2014. O Instituto vem organizando todo o acervo do mestre, tratando, catalogando e digitalizando desenhos, projetos e documentos da sua vida, através de patrocínio do Itaú Cultural. Já foram inventariados cerca de 30 mil itens de um acervo que inclui ainda obras inéditas, croquis pouco conhecidos e muitas referências que explicam sua obra ao público brasileiro e internacional. Todo esse material, tirado de gavetas e desenrolado dos canudos, estará disponível ao público através do site do Instituto e de um banco de dados para pesquisadores.

No ano de sua criação, o Instituto comemorou as seis décadas de design de Sergio lançando no mesmo ano a novíssima poltrona Benjamin, com 60 unidades fabricadas artesanalmente no Ateliê Fernando Mendes, no Rio de Janeiro. Dois outros acontecimentos ajudaram a celebrar a obra do mestre: a Lin Brasil lançou uma edição especial do banco Mocho, numerada e certificada, em madeira cabreúva; e de uma parceria com o joalheiro Antonio Bernardo nasceu o pingente de ouro criado como miniatura do banco Mocho.

O marco de seis décadas de design de Sergio Rodrigues foi apenas o pretexto para a criação do Instituto Sergio Rodrigues, onde ele continua presente em toda a sua vitalidade através dos projetos guardados e catalogados. Assim como está presente em cada peça e em cada admirador de seu trabalho. Sua obra é mais do que reveladora de nossa cultura, é a própria cultura traduzida em elementos da mobília e da habitação.
 

Fotografia do processo de higienização e conservação do acervo do Instituto Sergio Rodrigues. O documento apresentado é uma caderneta escolar de Sergio Rodrigues aos 16 anos de idade, quando cursava o Externato Santo Inácio, datada de 1943.
Fotografia do processo de higienização e conservação do acervo do Instituto Sergio Rodrigues. O documento apresentado é uma caderneta escolar de Sergio Rodrigues aos 16 anos de idade, quando cursava o Externato Santo Inácio, datada de 1943.


Logotipo do Instituto Sérgio Rodrigues.
Logotipo do Instituto Sérgio Rodrigues.