O banquinho já anunciava a trajetória excepcional
O banco Mocho foi a primeira peça importante desenhada por Sergio. Singelo, simples, com assento redondo, com uma travessa embaixo ligando os três pés, o Mocho foi o prenúncio de uma carreira brilhante. Sergio, que sempre se alimentou da cultura popular brasileira, se inspirou em uma mulher do interior tirando leite da vaca naqueles banquinhos típicos de fazendas, muitos deles com um só pé. Uma peça esculpida em madeira maciça, o Mocho é um banco divertido e ao mesmo tempo admiravelmente elegante.
A jornalista e especialista Adélia Borges afirma que, se fosse possível escolher um móvel predileto do Sergio, escolheria o Mocho. “Tem muito a ver com a tradição brasileira e é de uma enorme simplicidade de formas essenciais.”
A primeira versão do Mocho, que tinha o assento mais cavado e recebia uma almofadinha bem encaixada, apareceu em 1954. Com a mudança do mercado e as bitolas mudadas, a profundidade do assento diminuiu e Sergio tirou a almofada, provavelmente para deixar o banco mais puro, uma vez que já tinha o conforto da curva. Ele mudou ligeiramente o feitio dos pés, elevou as travessinhas e o assento ficou mais leve, menos profundo. O desenho da alça também foi mudado.
“O Mocho tem uma alça para carregar o banco. Essa ideia de levar o banquinho com a mão é aconchegante”, diz Fernando Mendes. “Quando se olha de lado o Mocho com seu assento redondo vê-se um trapézio formado entre os pés, a travessa de baixo e o assento. É um triângulo que liga os três pés. Aparecem todas essas figuras geométricas no desenho.”
De uma atualidade impressionante, o Mocho, que completou 60 anos, anunciava o que viria a ser a carreira de Sergio. Quando entrou na Oca, a loja que transformou a ideia de móveis no Rio de Janeiro, carregando o banquinho, Sergio não sabia que já levava ali a marca da sua obra.